AS MÁSCARAS QUE USAMOS

A felicidade pode ser construída, mas é preciso ter autoconhecimento, enxergar os problemas como oportunidades e a vida como uma escola. Todos os dias surgem novos aprendizados e novos caminhos para escolher. Muitas vezes é preciso desconstruir-se para reconstruir-se. Só precisamos ser nós mesmos e respeitar quem os outros são.

“Não somos europeus nem americanos-do-norte, mas destituídos de cultura original, nada nos é estrangeiro, pois tudo o é. A penosa construção de nós mesmos se desenvolve na dialética rarefeita entre o não ser e o ser outro”. Essa frase do historiador e professor Paulo Emílio Salles Gomes nos faz pensar sobre nossas raízes, nossos valores e quem realmente somos.

A felicidade pode ser construída, mas é preciso ter autoconhecimento, enxergar os problemas como oportunidades e a vida como uma escola. Todos os dias surgem novos aprendizados e novos caminhos para escolher.

Eu sou jornalista, consultora de comunicação corporativa e palestrante e ao longo dos anos tenho observado o comportamento e a trajetória de muitas pessoas – não, eu não sou psicóloga, mas observo tudo, principalmente a mim mesma.

Comecei a observar as pessoas que nos cercam e de que forma elas impactam a nossa vida. Tem uma frase do Gustavo Cerbasi que adapta uma frase popular e diz: “Diga-me com quem andas e te direi para onde vais”.

Existem muitas pessoas que usam máscaras e armaduras, pois acreditam que isso as protege da dura realidade, do sofrimento e até da decepção. Só que o grande problema é que na verdade elas estão criando um personagem para representá-las – quase um Avatar – e começam a enxergar a vida como um grande jogo, mexendo as peças e controlando as situações. É uma sensação falsa, pois acredita-se que se pode influenciar as pessoas e até manipulá-las.

A verdade é que cria-se um personagem para esconder quem realmente se é. Se estamos insatisfeitos conosco ou com a vida que construímos, o correto é desconstruirmos nossa maneira de pensar e começarmos a avaliar o que precisamos mudar. Dá trabalho? Muito. É cansativo? Sim. Demora? A vida inteira. Mas o resultado disso é a felicidade, o alívio de ser você mesmo com todos os seus defeitos e suas virtudes. A força e a autoconfiança que se sente por ter se encontrado é incrível. Use-a a seu favor e para inspirar outras pessoas.

Precisamos parar de colocar uma máscara para cada situação que vivemos e ouvir mais o que a nossa alma está dizendo. Precisamos conversar mais usando nossos sentimentos, a humildade e a empatia. Escutar mais, prestar atenção no que as pessoas estão falando e aprender com elas. Todos nós somos mestres e aprendizes o tempo todo.

Eu tenho visto profissionais de diversas áreas vangloriando-se de “conquistas” e títulos recebidos. Quais são os verdadeiros méritos? De que adianta ganhar um Prêmio Nobel, por exemplo, se você não tem valores humanitários, não contribui para uma sociedade melhor, não ajuda sua família e seus amigos e não faz o que gosta? Um título, um cargo, uma profissão ou o fato de ser conhecido não o torna uma pessoa melhor do que as outras. Devemos ser reconhecidos pelo que nós contribuímos, pelos nossos esforços e valores. A melhor forma de avaliar nossa performance é observando os feedbacks que recebemos e o impacto do que falamos e fazemos na vida de outras pessoas.

Existe uma grande diferença entre ter conhecimento e ter sabedoria. O primeiro é fácil de se adquirir, pois basta ler e estudar. Já o segundo exige esforço, persistência, amor e uma conexão com o seu eu interior.

Sábia é aquela pessoa que consegue ser ela mesma, independentemente de ter fama, sucesso ou ter saído em uma matéria na TV. O sucesso é temporário e efêmero. Ele é passageiro e acaba. Ele é vazio se não vier acompanhado de um propósito maior.

Quando começarmos a pensar mais na coletividade e menos em nós mesmos, quando enxergarmos que todos somos apenas um e precisamos todos uns dos outros, teremos evoluído e alcançado uma sabedoria maior. Até lá, seguimos vendo as pessoas sentirem-se tristes e perdidas, sem um projeto pessoal que as incentive, sem um propósito que ajude outras pessoas e a si mesmo.

Muitas vezes é preciso desconstruir-se para reconstruir-se. A vida vai nos ensinando, nos empurrando, nos fazendo mudar e melhorar. Estamos vivendo o que o escritor Pierre Weil chama de Normose. O conceito de Normose são as crenças, as normas e os valores sociais que causam angústias, ou seja, comportamentos de uma sociedade que causam sofrimento e podem até levar a morte.

Muitas vezes nós imitamos outras pessoas e sentimos necessidade de agirmos como a maioria, acreditando que para sermos aceitos e termos amigos, precisamos pensar, falar e agir da forma que os outros esperam. Na verdade, só precisamos ser nós mesmos e respeitar quem os outros são. Isso chama-se amadurecimento.

Como escreveu o líder humanitário Sri Sri Ravi Shankar, “Cada um trabalha com o seu próprio ´fuso horário´. As pessoas conseguem lidar com situações apenas de acordo com o seu próprio tempo. Trabalhe com o seu próprio tempo. Segure firme, seja forte, e seja verdadeiro consigo mesmo. Tudo conspirará ao seu favor. Você não está atrasado, nem adiantado, você está exatamente na hora certa!”

Muita Luz,

Edgar Martins

Fonte:
http://obviousmag.org/cult_e_cia/2017/05/as-mascaras-que-usamos.html

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